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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Nação Tricolor de LUTO

Entrevista exclusiva com o poeta tricolor Jackson de Carvalho



O hino do Fortaleza Esporte Clube é considerado um dos mais bonitos do Brasil. E o Site Oficial do clube aproveita esse momento de soerguimento do Tricolor, para homenagear Jackson de Carvalho, autor do hino oficial do Leão, que tanto emociona as pessoas, em especial aquelas que fazem parte da maior torcida do estado. 

Dessa homenagem consta uma entrevista feita pelo colaborador Gustavo Sá, que com muita competência desenvolveu o questionário, trazendo à tona detalhes da vida desse grande tricolor, que mesmo com 79 anos de idade e com mal de Parkinson em estado avançado, continua lúcido, como seu filho Roberto faz questão de ressaltar: “Por conta da doença, hoje meu pai se encontra deitado em uma cama, se alimentando por sonda estomacal, porém o mais importante é que está bem lúcido, sabe tudo e lembra tudo”, afirma emocionado. 


Vida pessoal 

Nascido em 06 de Março de 1932 em Jaguaribe, onde seu pai era prefeito e fazendeiro, cedo veio para Fortaleza estudar no Colégio Cearense. Jogava muito futebol, centro avante artilheiro, jogou pela seleção do colégio e também pela seleção do exercito, servindo pelo 23BC. Concluiu seus estudos e formou-se em Odontologia pela Universidade Federal do Ceará. Em seu consultório particular, atendeu durante muitos anos jogadores, dirigentes e jornalistas esportivos, tudo inteiramente grátis, motivo pelo qual teve muitas brigas com sua eterna esposa Aldenora, que considerava aquilo uma exploração por parte daquelas pessoas. Aposentou-se como funcionário do DAER hoje DER. Casado com Aldenora Carvalho há 47 anos, teve um único filho, Roberto Carvalho. 

Alem de ter composto o hino do Fortaleza, tem mais de 70 composições, como sambas e músicas feitas a pedidos como o hino do Intermunicipal de futebol Cearense, musica da cachaça Colonial, hino oficial da TUF, além de um samba de carnaval que participou do festival da manchete RIO TUR, realizado no Rio de Janeiro, onde estavam inscritas 3.500 musicas e a dele, que foi interpretada por NANA CAYMMI ( filha de Dorival Caymmi) ficou em TERCEIRO lugar em todo o Brasil, sendo esse festival transmitido ao vivo para todo o País.

Vida no FEC 

Logo que veio de Jaguaribe para a capital, foi levado para assistir um jogo do Fortaleza, e naquela ocasião o Leão do Pici ganhou de goleada com uma exibição de gala. Desde esse dia ele resolveu ser Tricolor. Em 1967 compôs o hino do clube, que em 1975 foi oficializado como hino oficial do FEC. Segundo seu filho, Jackson nunca quis exercer nenhum cargo maior no clube, exatamente para poder estar sempre junto à torcida, nas de manifestações em prol do Fortaleza. 

Participava ativamente dos famosos carnavais do PICI, onde ele e o saudoso Luis Rolim Filho comandavam a folia. Naquela época, compôs diversas marchinhas de carnaval para os carnavais promovidos pelo “Velho Guerreiro”, e tudo era sucesso na época. Comandava também, junto com a Toinha, que até hoje está no clube, a entrada dos garotos em campo antes dos jogos, onde reuniam as vezes mais de 100 garotos reforçando assim o slogan “Clube da Garotada”. 

Jackson de Carvalho teve também grande influencia no crescimento da torcida tricolor, pois percorria todas as emissoras de radio promovendo os jogos e fazendo versos e rimas para atiçar a torcida rival e assim promover ainda mais os jogos de seu Fortaleza. Era também muito assíduo nas colunas esportivas. Sempre fez parte do conselho do clube e contribuiu diversas vezes tanto nas mensalidades do clube como para contratação de jogadores importantes em diversas conquistas. 

Acompanhe a seguir a íntegra da entrevista feita com Jackson de Carvalho

1. Uma de suas atividades prediletas, há alguns anos, era jogar futebol de areia. Conte-nos um pouco sobre como era aquela época. 

JC - Tínhamos um time, chamado Fortalezinha, que era composto por seis pessoas: meu filho (Roberto), quatro amigos dele, e eu. Levávamos duas traves pequenas, uma pintada de Fortaleza e outra de Brasil, para um dos seguintes locais: Praia do Futuro, Icaraí, Cumbuco, ou, em frente ao antigo Clube dos Diários. Sempre defendíamos as cores do Tricolor, e já éramos conhecidos em todas as praias, por dois aspectos: primeiro, pelo fato de que só jogavam seis de cada lado, ao contrário do costume que existia em praias, onde jogavam 20 de um lado e 20 do outro. Segundo, porque raramente perdíamos. Então, formavam-se filas e mais filas de equipes para nos desafiar, e quem perdia ia dando o lugar a outro time. Creio que jogamos assim por, pelo menos, cinco anos, e perdemos muito pouco. Depois, meu filho entrou na faculdade, vieram outros interesses nos finais de semana, e paramos. Mas foi uma época muito marcante em nossas vidas. 

2. Durante os tempos de juventude, quando era centroavante da Seleção Cearense e, também, da Seleção do Exército, o senhor era um ótimo jogador, além de exímio artilheiro. Caso não tivesse escolhido a carreira de odontólogo, dava pra ter sido jogador do Leão? 

JC – Sim, com toda a certeza poderia ter me tornado um excelente jogador. Mas naquela época não valia a pena, pois existia muito amadorismo, e as condições eram precárias para o jogador de futebol. Preferi não arriscar, e não me arrependo. Segui, para a época, o melhor caminho. 

3. Como iniciou seu amor ao Tricolor de Aço? Qual lembrança traz-lhe mais saudade, desde a época em que começou a torcer pelo Fortaleza Esporte Clube? 

JC - Em 1962, eu estudava e era da seleção do colegio São João, um celeiro de craques, onde todos os melhores jogadores estudantis faziam questão de estudar lá pela fama de ganhar todos os jogos intercolegiais que disputávamos. Um dia, um amigo, chamado Marcílio, que jogava comigo e era torcedor do Fortaleza, me convidou para assistir a um amistoso entre Fortaleza e Náutico de Recife, no Presidente Vargas. Nesse jogo o Fortaleza simplesmente deu um show, ganhando da fortíssima equipe do Nautico por 4x2. Saí do jogo encantado, na certeza de que, a partir dali, seria Tricolor do Pici. 

4. O senhor nunca frequentou curso de música, nem estudou, em casa, livros de teoria musical. Ainda assim, compôs letra, harmonia e melodia de um dos hinos mais belos do futebol brasileiro, dentre outras músicas. A que o senhor atribui tamanho talento? 

JC - Só tenho uma resposta para essa pergunta: nasci com esse dom. Em minha mente fluem, de acordo com o tema, a letra, as rimas e, em seguida, a melodia. Não tenho outra explicação... É dom. 

5. Em quais artistas/cantores/músicos Jackson de Carvalho buscava inspiração para compor? 

JC - Nunca busquei inspiração em nenhum artista. As coisas fluem sem que, no momento de criação, eu pense em algum artista, influência etc. Mas, se pergutar quais os dois cantores que mais admiro, citaria Orlando Silva e Paulinho da Viola. 

6. Suas músicas continuam a fazer sucesso na torcida leonina. 
Como o senhor se sente, ao ver várias gerações cantando suas músicas? 

JC - Minhas músicas, particularmente o Hino, serão sempre atuais, porque encarnam o eterno espírito de nosso Clube. Em toda a letra do Hino, procurei usar palavras que pudessem servir em qualquer época, para que nunca ficasse desatualizado. Palavras que, em qualquer tempo, mostrassem como foi e como serão nossas glórias e conquistas, ressaltando que sempre somos vibrantes, aguerridos e fortes. 

7. Qual o melhor time do Fortaleza que o senhor já viu em campo? 

JC – Foi em 1974: O Fortaleza ganhou três jogos do Ceará em apenas uma semana, fato inédito até hoje no futebol Brasileiro. O melhor time tricolor que já vi jogar: Lulinha, Louro, Pedro Basílio, Ozires e Roner; Chinesinho , Lucinho, Zé Carlos e Amilton Melo; Haroldo e Geraldino. 

8. Faça uma seleção de todos os tempos do Leão. 

JC - Lulinha, Louro, Pedro Basílio, Ozires e Agnaldo, Serginho, Amílton Melo, Mozarzinho e Bibi, Amílton Rocha e Luizinho das Arábias. 

9. Quais dirigentes marcaram época no Fortaleza? 

JC - Otoni Diniz, Edmar Rabelo Maia e Edilson José (Santana Textiles). 

10. O que deve ser feito para o clube sair dessa situação? 

JC - Investimento nas categorias de base e ter uma continuidade de trabalho. Também, investir na campanha do sócio torcedor, para que seja a maior fonte de renda da equipe, independentemente de qualquer patrocinador. 

Colaboraram: Bruno Mota e Gustavo Sá.

Fonte: Fortaleza Esporte Clube
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